segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O caso de um acaso


O acaso é um caso
entre o caos e o descaso
que nos devasta e nos afoga
neste mar de embaraços

Nos força e nos enforca
numa corda em pedaços
a ordem por decifrar
é a vida indecifrável

Entre corredores de espinhos
entre paredes em pedaços
sobrevivo em meu caminho
com essa sombra em meu encalço

Parto então em mil pedaços
pedaços de outro acaso
que na ordem decifrada
é apenas mais um caso




Rafaella Santana
03/11/2016

"Onde as energias são renovadas"

Foto: SANTANA, R.



De algo ainda não descoberto

que nos deixa à deriva.

Remamos com descontrole

em busca da calmaria.



Rafaella Santana.

"Ela tinha um belo corpo e bom senso, mas era um pouco louca."Bukowski 💜


domingo, 20 de novembro de 2016

Ela é o Caos



Ela é o caos. Ela é a tempestade disfarçada de calmaria. Ela é a dúvida disfarçada de certeza. Ela é tristeza no carnaval, ela é alegria nos dias de chuva. Ela se perde em multidões e ela se encontra ouvindo Los Hermanos. Ela gosta de silêncio porque sua mente a ensurdece. Ela aparenta ser gelada porque não quer que todos saibam dos vulcões que habitam sua alma. Ela é estranha. Ela entende os outros e muitas vezes não se entende. Ela é impulsiva, ela faz planos mas geralmente é o acaso que a guia.


Sua vida nunca foi cor-de-rosa, ela nunca foi chamada de meiga e nunca ficou calada ao ouvir absurdos. Ela é, ela ri, ela chora, ela briga e ela transborda. Ela não conhece o meio-termo. Ela é dos extremos opostos, ela é da corda bamba. Ela não troca o preto pelo rosa. Ela odeia e ela ama. Ela é açúcar e ela é sal. Parece ter coragens inesperadas mas seus medos existem e estão guardados a sete chaves. Ela prefere a determinação da segunda-feira ao tédio de um domingo. Ela prefere a dor da certeza ao incômodo do talvez. Ela é sim e ela é não. Ela tem as perguntas e ela tem as respostas. Ela possui mente forte e coração mole. Ela parece ser durona mas por dentro ela não é.

Ela sabe ser companhia mas ela também sabe ser solidão. Ela gosta da paz do seu quarto mas ela também ama a fúria do mar. Ela valoriza começos mas sabe que alguns fins são necessários. Ela se diverte muito mais em casa ou na sala de aula do que indo a festas.Ela fala muito e se arrepende. Ela se cala e se arrepende mais. Ela é coragem quando desgosta de alguém, ela é o medo quando gosta.

Ela não se ajusta ao comum e não atende às expectativas alheias. Ela chora quando esperam que ela sorria. Ela reage quando a dão por vencida. Ela revida após o último golpe. Ela se torna cinzas pra renascer depois. Ela vai ao inferno das emoções e volta ainda mais forte e brilhante.

Quando ela cala, sua mente fala e ela joga tudo em um papel. Ela é inverno e ela é verão. A estação das flores não é pra ela. Ela prefere a beleza do cacto, tão rústico e resistente. Ela é tudo ou nada. O meio-termo a desconcerta, terremotos a reconstroem. Ela até parece ser calmaria mas no fundo ela é o caos.


Nat Medeiros

MERAKI (v);
do grego: fazer algo com alma, criatividade ou amor.
colocar parte de si em algo que está a fazer.


"Quando uma imagem for maior que o poder das palavras o mais sábio a se fazer é ficar em silêncio e contemplá-la."